"Irão tem de o destruir". Iranianos saem à rua e pedem vingança

Cidadãos iranianos saíram hoje para as ruas da capital Teerão e de outras cidades, pedindo vingança contra Israel, após os ataques israelitas a instalações nucleares e militares e a morte de vários oficiais e cientistas.

Irão
AnteriorSeguinte

© ATTA KENARE/AFP via Getty Images

Lusa
13/06/2025 13:46 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Israel/Irão

Abbas Ahmadi, de 52 anos, mostrava-se hoje de manhã muito zangado com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmando não ser possível "deixar este 'sacana'" continuar.

 

Caso contrário, acrescentou, "vamos acabar como Gaza", devastada por mais de 20 meses de guerra.

"O Irão tem de o destruir, tem de fazer alguma coisa", apelou este funcionário, que seguia de carro numa rua da capital, citado numa reportagem da agência de notícias Presse.

A maior parte das ruas de Teerão estavam praticamente desertas hoje de manhã, com a maioria das lojas fechadas devido ao feriado para assinalar o festival xiita de al-Ghadir.

No centro da capital, onde se situam muitos edifícios oficiais, os iranianos manifestavam-se nas ruas contra o "inimigo declarado" e o "aliado norte-americano".

"Morte a Israel, morte à América", gritavam, brandindo bandeiras iranianas e exibindo retratos do líder supremo, o Ayatollah Ali Khamenei, que está no poder desde 1989 e é quem toma as decisões em última instância.

Segundo a televisão estatal iraniana, estão a decorrer manifestações semelhantes noutras cidades e várias estações de serviço registam longas filas de espera, um fenómeno que não é invulgar no Irão em tempos de tensão.

No bairro rico de Nobonyad, a norte de Teerão, dois edifícios residenciais fortemente danificados, com chamas ainda a sair da estrutura, testemunham a violência dos ataques israelitas.

As equipas de salvamento trabalham nos escombros na zona, isolada por um grande dispositivo de segurança que mantém afastados os curiosos que se reuniram nas proximidades.

"Quanto tempo mais vamos viver com medo?", pergunta Ahmad Moadi, um reformado de 62 anos.

"Como iraniano, penso que tem de haver uma resposta esmagadora, uma resposta contundente", disse.

Há décadas, desde a revolução islâmica no Irão, em 1979, que os dois países são inimigos declarados.

Em 2024, as tensões atingiram o auge quando o Irão e Israel se revezaram em ataques ao território um do outro, tendo como pano de fundo a guerra em Gaza.

O Irão prende regularmente indivíduos acusados de serem espiões e, no ado, acusou Israel de ser responsável por assassínios e sabotagens relacionadas com o seu programa nuclear.

Pelo menos seis cientistas envolvidos no programa nuclear iraniano foram mortos nos ataques israelitas da madrugada de hoje contra a capital iraniana e outras regiões do país, que atingiu também parte da cúpula militar do Irão, matando um número indeterminado de altos cargos militares e civis.

"Mataram tantos professores universitários e investigadores e depois vão negociar?", lamentou Moadi, referindo-se aos israelitas, que o Governo acusa de estarem a soldo dos Estados Unidos.

Washington iniciou as negociações com Teerão sobre o seu programa nuclear em abril.

Israel acusa o Irão de querer construir uma bomba atómica e considera-o uma ameaça existencial. Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma que está a desenvolver o nuclear para fins civis, nomeadamente para fins energéticos.

A ofensiva israelita ocorre no momento em que o Irão e os Estados Unidos se preparavam para uma sexta ronda de negociações sobre o nuclear no domingo, sendo incerto se a agenda se mantém.

Washington exige o desmantelamento total das atividades nucleares do Irão, uma exigência "não negociável" para Teerão.

"Querem privar-nos da nossa capacidade nuclear, o que é inaceitável", afirma Ahmad Razaghi, 56 anos, em sintonia com a posição oficial.

Para Farnoush Rezaï, uma enfermeira, de 45 anos, os ataques israelitas de hoje foram o último ato de um país que está perto do "seu último suspiro", repetindo uma convicção de décadas dos dirigentes iranianos de que Israel desaparecerá.

"Se Deus quiser, pelo menos um pouco de paz sairá daqui", disse Rezaï.

Leia Também: Israel volta a atacar vários pontos do território do Irão

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

"E um milagre para o meu outro irmão