"Não podemos dar paz, nem democracia, nem liberdade como garantidas"

O presidente da Assembleia da República advertiu hoje que democracia, liberdade e paz não são valores garantidos e defendeu que a única solução aceitável para a guerra na Ucrânia é a restauração da integridade territorial deste país.

José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República

© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
19/11/2024 17:29 ‧ 19/11/2024 por Lusa

País

Ucrânia/Rússia

Estas posições foram transmitidas por José Pedro Aguiar-Branco no parlamento, durante a inauguração de uma exposição do fotojornalista do Observador João Porfírio baseada num conjunto de reportagens sobre os primeiros 75 dias de guerra na Ucrânia. Uma exposição com a qual o parlamento assinala os mil dias de guerra na Ucrânia.

 

Perante a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Marina Mykhailenko, o presidente da Assembleia da República considerou que está em causa com a intervenção militar russa não apenas o território ucraniano, mas também "a própria ordem mundial".

"Não podemos permitir que uma invasão ilegal tenha sucesso. O único resultado aceitável desta guerra é a restauração da integridade territorial da Ucrânia. Sem Estado de direito, sem regras, sem respeito pela lei internacional não se constrói uma paz duradoura", sustentou o antigo ministro da Defesa social-democrata, escutado por vários deputados, entre os quais o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, e o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros, o socialista Sérgio Sousa Pinto.

Na sua intervenção, José Pedro Aguiar-Branco deixou igualmente um aviso sobre a atual conjuntura mundial, depois de décadas em que a Europa viveu "um longo período de paz".

"Não podemos dar a paz, nem a democracia, nem a liberdade como garantidas. Esta guerra recorda-nos a importância de cuidarmos da nossa Defesa, de termos laços diplomáticos sólidos e leais, e de cooperarmos com os nossos parceiros e aliados na defesa da paz", afirmou, antes de fazer um elogio ao papel do jornalismo livre.

"Estas fotografias só foram possíveis por uma razão, porque o fotojornalista João Porfírio foi à Ucrânia. Olhar para estas fotografias mostra-nos os rostos concretos de quem sofre e não os números que friamente são indicados - e isso renova a nossa vontade de manifestar hoje, neste dia marcante, a nossa solidariedade e a nossa determinação de continuar a agir em benefícios da causa da Ucrânia", declarou.

A seguir, a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Marina Mykhailenko, agradeceu o apoio que as autoridades portuguesas têm dado ao seu país e agradeceu ao fotojornalista João Porfírio por o seu trabalho "ter contribuído para desmontar" a propaganda russa, mostrando as atrocidades cometidas pelas tropas de Moscovo.

Já João Porfírio fez primeiro questão de agradecer a confiança que lhe foi depositada pela direção do Observador, sem a qual não teria sido possível fazer "o jornalismo totalmente livre" que faz.

"Sem eles, este trabalho não teria sido possível", acentuou, antes de se referir ao conteúdo da exposição e aos mil dias de guerra na Ucrânia.

"Vi mães que perderam os seus filhos, mães a despedirem-se dos seus filhos ou dos seus maridos. Vi muita coisa que não pôde ser fotografada. Na Ucrânia, houve mulheres violadas à frente dos seus filhos e maridos, há campos de futebol para crianças de dez anos que foram transformados em valas comuns. Esta exposição deve ser um alerta que não nos esqueçamos do que se a dentro das fronteiras ucranianas", declarou o editor de fotografia do Observador.

No seu discurso, João Porfírio deixou ainda um apelo: "Apoiem o jornalismo livre e independente".

Leia Também: Navios, drones, gasodutos. Os incidentes suspeitos de "guerra híbrida"

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