Inimigos há quatro décadas, o Irão e os Estados Unidos realizaram, desde abril, cinco séries de negociações, com a mediação de Omã.
Os dois países estão a tentar concluir um acordo destinado a impedir Teerão de adquirir armas nucleares em troca do levantamento das sanções que estão a paralisar a economia iraniana.
O Irão nega ter ambições militares com o seu programa nuclear e um dos obstáculos nas negociações tem sido a questão do enriquecimento do urânio. Os EUA exigem que o Irão renuncie totalmente a essa atividade, enquanto Teerão considera a exigência inaceitável, argumentando que é contrária ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), de que é signatário.
"Em breve apresentaremos o nosso próprio plano à outra parte, por intermédio de Omã", declarou hoje o porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baghai, para quem a proposta de Teerão para um acordo é "razoável, lógica e equilibrada".
"Recomendamos vivamente à parte norte-americana que aproveite esta oportunidade", acrescentou o porta-voz numa conferência de imprensa em Teerão.
Na semana ada, o Irão disse ter recebido "elementos" de uma proposta de acordo norte-americana, mas considerou que continha "muitas ambiguidades".
O conteúdo da proposta norte-americana não é conhecido. Mas o presidente do parlamento iraniano, Mohammad-Bagher Ghalibaf, disse no domingo que ela não abordava a questão do levantamento das sanções, que é uma prioridade para o Irão.
A proposta norte-americana "carece de honestidade", considerou Ghalibaf nas mesmas declarações, apelando ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para "mudar de abordagem se realmente procura um acordo".
No ado dia 04 de junho, o líder supremo iraniano, o 'ayatollah' Ali Khamenei, qualificou a proposta norte-americana como "100% contrária" aos interesses do Irão.
Hoje, na sede da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), em Viena, começou uma importante reunião trimestral, em que o órgão da ONU responsável pela fiscalização nuclear deve analisar esta semana as atividades do Irão neste domínio.
O Irão ameaçou no domingo reduzir a sua cooperação com a AIEA se fosse adotada uma resolução desfavorável ao país.
"A AIEA não deve esperar que o Irão continue a sua cooperação ampla e amigável", declarou o porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atómica, Behrouz Kamalvandi.
Segundo fontes diplomáticas, os europeus e os Estados Unidos pretendem apresentar durante esta reunião da AIEA uma resolução contra o Irão, com a ameaça de remeter o processo para as Nações Unidas, medida que desencadearia um mecanismo para o restabelecimento das sanções da ONU contra o Irão.
"Apelo ao Irão para que coopere plena e eficazmente com a AIEA. Enquanto o Irão não ajudar a agência a resolver as questões (...) pendentes, esta não poderá garantir que o programa nuclear iraniano é exclusivamente pacífico", afirmou hoje o diretor-geral da agência que integra o sistema das Nações Unidas, Rafael Grossi.
Os EUA e os seus aliados ocidentais, bem como Israel, considerado pelos especialistas como a única potência nuclear no Médio Oriente, acusam há muito o Irão de procurar dotar-se de armas atómicas, acusação sempre negada por Teerão.
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